Depois da vindima temos o vinho... e este ano também o bagaço!
Janeiro 2011
Como anteriormente referido e até noticiado na Revista do Correio da Manhã, quero publicamente agradecer ao maravilhoso grupo que realizaram no passado dia 3 de Outubro de 2010, aquela árdua mas encantadora tradição (as vindimas da casa do Brás). Estas vindimas foram e continuarão a ser (enquanto os meus amigos quiserem) um acontecimento muito significativo para os que nelas participam, estou certo!
Após a apanha das uvas, elas são colocadas em sacos de plásticos para não haver perdas (antigamente em cestos de vime) e transportadas no tractor (outrora à cabeça ou nos carros de bois), para serem pisadas no lagar de granito. A pisada das uvas foi feita à moda antiga: com os pés descalços. Os engaços e as grainhas não se retiram e o mosto mantém-se em movimento produzindo um óptimo resultado. O período de fermentação estabelece o valor do produto.
Neste ano de 2010, as uvas foram de boa qualidade… o vinho não é muito, mas está uma boa boa pinga!
Neste ano de 2010, as uvas foram de boa qualidade… o vinho não é muito, mas está uma boa boa pinga!
Envazilhar o vinho:
Depois das uvas apanhadas e esmagadas e após vários “afundamentos” do mosto há tarefas que continuam!
Assim, depois do período de fermentação (8 a 10 dias), o vinho é retirado do lagar para as pipas. As pipas têm de ser bem lavados de restos de borras que tenham ficado do ano anterior. Caso as vasilhas tenham estado vazias algum tempo, verifica-se se estão estanques. Normalmente, pequenas fugas são resolvidas com algumas horas em água (assim o inchar da madeira ajuda a vedar) ou então um pouco de sebo.
As pipas, depois de cheias, ficam algum tempo abertas pois o vinho continua a fermentar. Por vezes é necessário atestar com mais vinho uma vez que a fermentação vai expelindo para o exterior algumas impurezas e cascas dos bagos de uva que tenham passado pelo filtro do funil.
Tirado o vinho, fica o mosto, que colocamos numa prensa bem apertado e com o qual este ano, quisemos recriar uma tradição praticamente extinta –, fazer uma “gota” de bagaço (aguardente vinícola).
As pipas, depois de cheias, ficam algum tempo abertas pois o vinho continua a fermentar. Por vezes é necessário atestar com mais vinho uma vez que a fermentação vai expelindo para o exterior algumas impurezas e cascas dos bagos de uva que tenham passado pelo filtro do funil.
Tirado o vinho, fica o mosto, que colocamos numa prensa bem apertado e com o qual este ano, quisemos recriar uma tradição praticamente extinta –, fazer uma “gota” de bagaço (aguardente vinícola).
O bagaço:
A feitura do bagaço era uma tarefa própria de quem vivia no campo e que aproveitava os recursos que a terra dava.
A feitura do bagaço era uma tarefa própria de quem vivia no campo e que aproveitava os recursos que a terra dava.
Depois da vindima e vinho tirado, aproveitava-se o engaço e as graínhas, para fazer o bagaço. Esta prática tão antiga é hoje em dia punível do ponto de vista legal, mas também o que produzimos nem sequer para o gasto deu, quanto mais para negócio!
Os alambiques são de cobre, tem uma base que é a parte da caldeira, a cabeça e a serpentina, que fica dentro de um tanque de água fria corrente que é construído ao lado da estrutura principal deste equipamento.
A feitura do bagaço é uma grande trabalheira…! Primeiro é preciso lavar e limpar muito bem todas as partes do alambique. Depois de entroduzir o engaço sela-se todo o alambique. Coloca-se a cabeça sobre a caldeira e depois de encaixar as serpentinas vedam-se as juntas com um pouco de farinha centeia amassada.
Após esta operação, está na hora de colocar lume por baixo da caldeira que ao levantar fervura, gera vapor quente que sobe para a cabeça do alambique sendo depois conduzido pela tubagem da serpentina e quando entra na zona fria da mesma, o vapor sofre uma condensação dando origem à troça que se recolhe em cântaros e se armazena num barril.
Os alambiques são de cobre, tem uma base que é a parte da caldeira, a cabeça e a serpentina, que fica dentro de um tanque de água fria corrente que é construído ao lado da estrutura principal deste equipamento.
A feitura do bagaço é uma grande trabalheira…! Primeiro é preciso lavar e limpar muito bem todas as partes do alambique. Depois de entroduzir o engaço sela-se todo o alambique. Coloca-se a cabeça sobre a caldeira e depois de encaixar as serpentinas vedam-se as juntas com um pouco de farinha centeia amassada.
Após esta operação, está na hora de colocar lume por baixo da caldeira que ao levantar fervura, gera vapor quente que sobe para a cabeça do alambique sendo depois conduzido pela tubagem da serpentina e quando entra na zona fria da mesma, o vapor sofre uma condensação dando origem à troça que se recolhe em cântaros e se armazena num barril.
Após vários “cortes” de engaço (cerca de 3) ter-se-à a quantidade mínima de “troça” para que se possa proceder à refinação. Após resfriamento e cuidada limpeza do alambique pequeno, coloca-se na caldeira o líquido armazenado no barril e repetem-se as operações de selagem. O lume não pode estar “muito vivo”, tem de ser brando, requerendo uma vigilância constante pois a saída do liquido do tubo da serpentina do alambique deve deitar sempre um “fio” fino e constante!
É um trabalho que requer alguma paciência, muitas horas e muita lenha gasta. Tem de se ir controlando a “força” da bagaceira. Normalmente deita-se um pouco de bagaço que está a sair para cima do lume para ver se ele ainda tem força para “atiçar” o lume... a outra maneira é directa: prova-se!
Para matar as cansativas, gélidas e fumarentas 20:00h seguidas, que 4 rapagões passaram no alambique –, eu próprio, o Romeu Fernandes, o André e João Pinto, a Maria (mãe do André e Joca), para além de nos “controlar” e ajudar nestas tarefas que ela melhor domina que qualquer um de nós, presenteou-nos com um saborosíssimo fumeiro que eu há tanto tempo não via, melhor dizendo comia! Obrigado Maria!
Para matar as cansativas, gélidas e fumarentas 20:00h seguidas, que 4 rapagões passaram no alambique –, eu próprio, o Romeu Fernandes, o André e João Pinto, a Maria (mãe do André e Joca), para além de nos “controlar” e ajudar nestas tarefas que ela melhor domina que qualquer um de nós, presenteou-nos com um saborosíssimo fumeiro que eu há tanto tempo não via, melhor dizendo comia! Obrigado Maria!
Texto: Guilherme do Brás
Fotos: Guilherme e Romeu
Direitos de autor reservados © João Oliveira - Espindo 2006-2011
Aviso Legal
Aviso Legal