Recordar o passado, caminhando na serra que nos viu nascer! Por: Guilherme do Brás, Agosto de 2010. Quase sempre que me desloco à nossa aldeia, tenho vontade de seguir os trilhos desta caminhada. Gosto de me dirigir ao Alto das Couvinhas ou da Cabana e ver a Capela de Sta. Isabel, lá longe e bem em frente do meu nariz! Nós temos um pacto. Dizermos olá, mesmo que seja de longe. Eu sei que Ela está lá e Ela sabe que, naquele momento, eu estou a observá-La do alto da serra, abraçando com a minha vista todo aquele vale, até Ela, é de facto uma das minhas maravilhas. Gosto de sossegado, olhar, sem pressas, a Sta Isabel! |
Desta vez, apenas o fiz em pensamento, dado que tive por companhia o meu amigo João Pinto (Joca), forte trepador de montanhas, não fosse a minha condição física, não sei o que seria!... e a volta a que nos propusemos, não permitia paragens de percurso, sob pena de regressarmos já pela noite dentro! Ter por companhia uma pessoa que embora mais nova, também se mova por recordações tão fortes quanto as minhas é um privilégio, para além do João Oliveira que sabíamos e sentimos, quando nos telefonou, ter vontade de partilhar e estar connosco nesta cansativa mas reconfortante caminhada!
Pouco passava das 04:00h da tarde, do “tórrido” passado dia 10 de Agosto, quando passamos à acção: Partimos do centro do lugar, bem juntinho à casa dos meus pais (casa do Brás), seguimos pela portela da avelã, entre-caminhos, rios, recanto até à ponte do meio, local onde tantas vezes mergulhei, passamos à fulgueira já com as giestas a fechar o caminho que há pouco mais de 30 anos era diariamente trilhado por pessoas, carros e animais vezes sem conta.
Com maior ou menor dificuldade lá chegamos às estalhas e seguidamente aos porteiteiros onde descansamos os nossos primeiros olhares, especialmente sobre o LUGAR que nos viu nascer!
Com maior ou menor dificuldade lá chegamos às estalhas e seguidamente aos porteiteiros onde descansamos os nossos primeiros olhares, especialmente sobre o LUGAR que nos viu nascer!
Seguimos na direcção das couvinhas, portela até ao sopé de jadêlo. Daí subimos a bordoada até ao terroeirão (local onde há alguns anos, as vacas faziam as sestas, uma vez que aqui a vegetação é mais frondosa e existe uma nascente para os animais beberem). Subimos até ao fundo dos azevinheiros de onde mais uma vez descansamos utopicamente através das câmaras fotográficas e não só, os nossos olhares.
Mas porque o matagal nesta zona é muito intenso, inflectimos na direcção da arandosa, que afinal, era um dos nossos primeiros propósitos seguir até ao confurco, chã da arandosa... Claro que atalhamos, retomando parte do velho estradão da arandosa e do novo, entretanto construído, na direcção de chã de prado.
Mas porque o matagal nesta zona é muito intenso, inflectimos na direcção da arandosa, que afinal, era um dos nossos primeiros propósitos seguir até ao confurco, chã da arandosa... Claro que atalhamos, retomando parte do velho estradão da arandosa e do novo, entretanto construído, na direcção de chã de prado.
Agora sim! Agora que chegamos a chã de prado, posso dizer-vos que há muitos anos não bebia água naquela fonte! As saudades que eu tenho de ver estes montes e especialmente esta CHÃ, cheios de gado (várias centenas). Houve anos que fazíamos uma grande "vezeira" de vacas que iam beber a esta nascente e a passarem a sesta nestes currais já tão degradados, enquanto eu e os outros rapazes conjuntamente com os “pastores permanentes” de Vilarchão, Pinheiro e Agra nos divertíamos em jogos tradicionais! Nesta imensa chã, apenas podemos observar uma toira e 5 ou 6 garranos! Sinal dos tempos, a desertificação também chegou à serra!...
Deixamos para trás este memorial recanto na direcção de pala cova, onde molhamos novamente a “palavra” na nascente mais cimeira do rio ave, daqui seguimos na direcção da já degradada casa do guarda-florestal e seguidamente até ao alto do Talefe (ponto mais alto da serra da cabreira, com uma altitude em relação ao nível do mar de 1262 metros), torre que quisemos trepar, para assim sentir os ventos dos quatro quadrantes!
Nesta já longa caminhada, apenas aqui, vimos viva alma (2 guardas no posto de vigia), pois antes, só as perdizes, os garranos, os coelhos e seguidamente os milhafres e duas águias-reais nos quiseram fazer companhia! Daqui do ponto mais alto, nós vemos tudo, 360º em volta. À nossa retaguarda está Pala Cova e montes de Cabeceiras. Em frente tudo até Espanha, Amarela, Gerês. À esquerda o Ermal e Vieira do Minho e à direita, a serra da Peneda e vales e barragem do Alto do Rabagão!
Nesta já longa caminhada, apenas aqui, vimos viva alma (2 guardas no posto de vigia), pois antes, só as perdizes, os garranos, os coelhos e seguidamente os milhafres e duas águias-reais nos quiseram fazer companhia! Daqui do ponto mais alto, nós vemos tudo, 360º em volta. À nossa retaguarda está Pala Cova e montes de Cabeceiras. Em frente tudo até Espanha, Amarela, Gerês. À esquerda o Ermal e Vieira do Minho e à direita, a serra da Peneda e vales e barragem do Alto do Rabagão!
Reconfortados com estes purificados ares, prosseguimos a maratona, sem que antes e até à cabana, ziguezagueássemos para visitar e fotografar todas as cabanas dos pastores, uma ou outra já desmoronada!
Chegados a chã de lousas, o meu olhar e pensar não se pode desviar, da única mancha de vidoeiros, onde tantas vezes merendei junto à nascente, aquela fatia de pão milho e naco de presunto ou salpicão que a minha mãe me metia na sacola, quando ia para o monte com as cabras e ovelhas ou com as vacas!
Chegados a chã de lousas, o meu olhar e pensar não se pode desviar, da única mancha de vidoeiros, onde tantas vezes merendei junto à nascente, aquela fatia de pão milho e naco de presunto ou salpicão que a minha mãe me metia na sacola, quando ia para o monte com as cabras e ovelhas ou com as vacas!
Porque o sol caminhava a passos largos para o ocaso, prosseguimos viagem, não deixando de visitar a central eólica e a flora (tojos) tão característica, quiçá única, que existe em chã de lousas.
Chegados ao alto da cabana, ainda descortinámos o Lugar e a barragem em pano de fundo, mas sentimos desde logo algum arrepio em vencer o denso matagal do furado até à costa. Mas como querer é poder e o nosso sentido de orientação estava em sintonia, vencemos a MARATONA! Foi obra calcorrear ao sol de Agosto sem a companhia de muitos dos animais que, em tempos, animaram, esta nossa bela caminhada! As belezas das nossas montanhas não têm fim e para os que não as conhecem, cada lugarzinho é uma raridade! Dá a impressão que ali cabe o Mundo.
Recordar estes cantinhos, faz parte das belezas da nossa vida, porque nós fomos forjados como autênticos montanheiros. Fazer um epílogo disto é para alguns, escrever lamechices... mas foi mesmo bom. No final, já no Lugar e no conforto do sofá, comentávamos entre nós que é preciso primeiro estar sujeito a certas privações para poder depois apreciar devidamente os prazeres da natureza!
A todos os visitantes deste site, especialmente aos meus conterrâneos, um cordial abraço do Guilherme do Brás e claro também do Joca.
Chegados ao alto da cabana, ainda descortinámos o Lugar e a barragem em pano de fundo, mas sentimos desde logo algum arrepio em vencer o denso matagal do furado até à costa. Mas como querer é poder e o nosso sentido de orientação estava em sintonia, vencemos a MARATONA! Foi obra calcorrear ao sol de Agosto sem a companhia de muitos dos animais que, em tempos, animaram, esta nossa bela caminhada! As belezas das nossas montanhas não têm fim e para os que não as conhecem, cada lugarzinho é uma raridade! Dá a impressão que ali cabe o Mundo.
Recordar estes cantinhos, faz parte das belezas da nossa vida, porque nós fomos forjados como autênticos montanheiros. Fazer um epílogo disto é para alguns, escrever lamechices... mas foi mesmo bom. No final, já no Lugar e no conforto do sofá, comentávamos entre nós que é preciso primeiro estar sujeito a certas privações para poder depois apreciar devidamente os prazeres da natureza!
A todos os visitantes deste site, especialmente aos meus conterrâneos, um cordial abraço do Guilherme do Brás e claro também do Joca.
Texto: Guilherme do Brás
Imagens: Guilherme do Brás e João Pinto
(Agosto 2010)
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